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CASAS SENHORIAIS de CARVALHOSA

  • Writer: Carmen Souza Soares Reis
    Carmen Souza Soares Reis
  • Feb 15
  • 17 min read

Updated: Jun 14

Conheci a freguesia de Carvalhosa há muitos anos, num passeio que fiz com minhas primas do Porto em busca da CASA DO BUSTELO e da CASA DE FUNDEVILA, que fizeram parte do passado dos nossos ancestrais da Casa da Botica de Vila Meã. Conseguimos localizar a CASA DO BUSTELO, mas não encontramos a CASA DE FUNDEVILA. Fiquei desapontada, porque achei que a casa não existia mais. Sepultei o assunto. Naquela altura, mal sabia eu que voltaria a visitar Carvalhosa e interessar-me pelo passado das suas casas senhoriais!


Igreja Paroquial de Carvalhosa - parte traseira vista do caminho que leva à Casa de Regoufe
Igreja Paroquial de Carvalhosa - parte traseira vista do caminho que leva à Casa de Regoufe

Tudo começou com a descoberta de um documento de 1856 em que a minha trisavó Anna Victoria de Queirós atende à solicitação de Juiz de Menores e indica os nomes de dois parentes de seu falecido marido como tutores de seus filhos. Fiquei curiosa com os nomes de Antonio da Cunha Correa Montenegro e José da Cunha Correa Montenegro, da CASA DE REGOUFE, pois ignorava que tínhamos parentes nessa casa de Carvalhosa. Quem seriam esses irmãos Montenegro? Qual seria o seu parentesco com o meu trisavô João Teixeira Leite? Como os registros paroquiais daõ o meu instrumento de trabalho, logo descobri que Antonio da Cunha Correa Montenegro era o Abade de Castelões de Recesinhos e que ele tinha sido afilhado de José Duarte de Matos e Dona Maria Geraldes, senhores da CASA DE REGOUFE. O pai dos irmãos Montenegro era João da Cunha Teixeira, da CASA DE REGOUFE, e sua mãe Cecilia Delfina Correa Montenegro, neta paterna de José Teixeira de Vasconcelos e Caetana Maria Correa de Souza Montenegro, da QUINTA DO PAÇO DE SOUTELO em Constance. O parentesco estava justamente nesse avô materno dos irmãos Montenegro. José Teixeira de Vasconcelos era irmão da nossa ancestral Antonia Rafaela de Magalhães e Vasconcelos, da QUINTA DO PAÇO DE SOUTELO, senhora suo jure da CASA DO RIBEIRO em Oliveira, e senhora da QUINTA DO EIRÔ em Castelões pelo casamento com Cristóvão Antonio Leite Cabral. (Antonia Rafaela era senhora por direito próprio da CASA DO RIBEIRO porque foi herdeira testamentária dos últimos proprietários, que eram seus primos da família Badaya e não tinham herdeiros necessários.)

A descoberta do parentesco longínquo da família Teixeira Leite com a CASA DE REGOUFE ensejou a publicação de um artigo sobre o assunto (Casa de Regoufe - Carvalhosa, Marco de Canaveses). A partir desse artigo surgiu um contato com a família dessa casa, que evoluiu para uma boa amizade. Nossa troca de informações tornou-se uma agradável conversa. Meu conhecimento dos nomes de antigos moradores do Lugar de Regoufe foi enriquecido por preciosas informações da família de Regoufe sobre os seus ancestrais. Aquela bela propriedade integra o patrimônio histórico de Carvalhosa e a sua história motivou a publicação de outro artigo (Casa de Regoufe - Família Teixeira de Seixas). Em seguida o meu interesse ampliou-se para outras casas senhoriais de Carvalhosa e foi objeto do último artigo publicado nesse blog (Casa do Eido em Carvalhosa - Família Coelho de Magalhães ).


A situação geográfica de Carvalhosa, vista nos mapas, mostra a um lado Vila Meã, ao outro Vila Caís, e ao sul Castelões, Constance e Toutosa, atualmente separadas pela estrada municipal que atravessa a freguesia. A proximidade com essas freguesias criou um rico intercâmbio social com moradores das casas senhoriais dessas outras localidades.

Esses casarões dos séculos passados destinavam-se a albergar sob o mesmo teto as proles numerosas que caracterizavam as famílias dessa época. As casas senhoriais tinham recursos para sustentar toda a família e o senhor da casa tinha autoridade moral e real para decidir sobre o destino de todos, cabendo-lhe arranjar alianças para reforçar e prestigiar a sua casa perante a região e até para além dela. Casamentos entre parentes eram frequentes, como expediente para juntar o património e fazer negócios. As casas senhoriais de Carvalhosa ficavam relativamente perto umas das outras, as famílias conheciam-se e cultivavam os casamentos de conveniência. Por esse motivo, os meus ancestrais e seus parentes tem origens em diversas casas de Carvalhosa. Foi essa a razão que motivou o presente artigo.



QUINTA DO PAÇO


Uma das mais antigas e ricas casas senhoriais de Carvalhosa era (e ainda é) a QUINTA DO PAÇO. A referência mais antiga sobre o senhorio da QUINTA DO PAÇO remonta a Antonia Pinheiro, filha de Antonio da Silveira, senhor da HONRA DE VILA CAÍS (Ref. Felgueiras Gayo, título Pinheiros, § 19, nº 10.) 

Entrada da Quinta do Paço da Família Pinto de Mesquita
Entrada da Quinta do Paço da Família Pinto de Mesquita

Antonia Pinheiro casou-se por volta de 1585 com Felipe Teixeira de Seixas, da QUINTA DE VILA NOVA em Castelões. Ele era filho dos meus ancestrais Lopo Moreira e Marta Teixeira de Seixas, senhores da QUINTA DE VILA NOVA (Ref. Felgueiras Gayo, título Teixeiras, § 39, nº 14.) Felipe Teixeira de Seixas e Antonia Pinheiro viveram na QUINTA DO PAÇO e ali tiveram 10 filhos entre 1586 e 1605. Sua filha Leonor Pinheiro de Seixas (1599-1645) casou-se em 1626 com o Sargento-Mór Simão de Carvalho Teixeira, proprietário das terras de REGOUFE, e foram senhores da QUINTA DO PAÇO. Outra filha, Maria Pinheiro de Seixas (1604-1668), casou-se em 1633 com Gonçalo Teixeira de Carvalho, irmão do seu cunhado Simão de Carvalho Teixeira, reforçando o parentesco entre as duas famílias.


Angela Pinheiro de Seixas (1632-1672), filha de Leonor Pinheiro de Seixas e Simão de Carvalho Teixeira, herdou o senhorio da QUINTA DO PAÇO. Ela casou-se em 1661 com o Sargento-Mór João de Souza Monteiro, da CASA DO RIBEIRO em Toutosa (irmão de Pedro Aleixo de Souza, ancestral dos Souza Soares), e sua filha Angela de Seixas foi senhora suo jure da QUINTA DO PAÇO e senhora da QUINTA DE VILA VERDE em Caíde de Rei, por seu casamento com o Capitão Antonio Pinto de Mesquita em 1689. Essas duas quintas passaram por herança a sucessivas gerações desse casal e ainda continuam sendo propriedade da família Pinto de Mesquita, que tem relações de amizade com meus primos do Porto.



CASA DE REGOUFE


Tudo indica que a parte antiga da CASA DE REGOUFE que conservou o lindo brasão da família pintado em madeira, tenha sido construída por Simão de Carvalho Teixeira nas suas terras de REGOUFE, para morada da sua filha Mariana Teixeira de Seixas, que casou-se em 1670 com Romão de Matos, filho e neto de moradores da CASA DO EIDO. Ocorre que já havia outros moradores no Lugar de REGOUFE que lá estavam muitas décadas antes de Simão de Carvalho Teixeira ter vindo de Freixo de Baixo em 1626 para casar-se em Carvalhosa. Outras famílias, como os Gonçalves e os Pires, viveram e faleceram no Lugar de REGOUFE nos anos 1500s. Depois da construção da CASA DE REGOUFE para Romão de Matos e Mariana Teixeira de Seixas, começaram a referir dois lugares distintos na mesma propriedade: o antigo Lugar de REGOUFE DE CIMA e o Lugar de REGOUFE DE BAIXO, onde foram construídas a igreja e a nova casa, respectivamente.


Entrada da Casa de Regoufe de Baixo (construida no final do século XVII)
Entrada da Casa de Regoufe de Baixo (construida no final do século XVII)

No Lugar de REGOUFE DE CIMA havia a casa de Maria de Seixas (1635-1713), que teve 6 filhos entre 1671 e 1677. Tudo leva a crer que ela fosse filha de Simão de Carvalho Teixeira e Leonor Pinheiro de Seixas, nascida em 1635 na QUINTA DO PAÇO e batizada em 11 de abril na igreja de Carvalhosa, porque ela foi dona da sua casa e o Lugar de REGOUFE DE CIMA pertencia à QUINTA DO PAÇO naquela altura. Seu filho Jerônimo Teixeira de Seixas (1674-1746) usava o mesmo apelido da família da QUINTA DO PAÇO que viveu em REGOUFE e foi herdeiro da casa de sua mãe. Seus filhos, netos e bisnetos nasceram naquela casa. Seu neto José da Cunha Teixeira casou em 1801 com Cecilia Delfina Correa Montenegro e foram pais dos irmãos Montenegro, tutores do meu bisavô Bernardo Teixeira Leite e seus irmãos. Segundo os meus dados, a última data de um evento familiar ocorrido no Lugar de REGOUFE DE CIMA e registrado nos livros paroquiais foi o óbito de Josefa Julia (a irmã mais velha dos irmãos Montenegro) em 22 de outubro de 1885. Atualmente o Lugar de REGOUFE DE CIMA pode ser identificado por duas casas de granito, com eira e canastro (espigueiro), que era conhecidas pela família de Regoufe como casas dos caseiros que trabalhavam as terras da quinta de Regoufe. A mulher do último feitor ainda está viva e confirmou aos meus amigos que a denominação daquela parte da propriedade é mesmo REGOUFE DE CIMA.


Na CASA DE REGOUFE DE BAIXO viveu a família de Romão de Matos (da CASA DO EIDO) e Mariana Teixeira de Seixas (da QUINTA DO PAÇO). Eles tiveram 6 filhos entre 1668 e 1677. Sua família foi focalizada em conceituado livro de genealogia portuguesa (Carvalhos de Basto §15º nº 9 – Título: Casa de Regoufe de Baixo). A lista de senhores dessa casa abrange diversas gerações e os atuais proprietários da CASA DE REGOUFE são descendentes desse casal.


José de Matos Teixeira (1677-1754), filho de Romão e Mariana, teve uma filha, Isabel Maria Teixeira de Carvalho e Matos (1752-1826), que casou com seu primo José Duarte de Matos (1717-1790), filho de Angela Duarte (1674-1753), senhora da CASA DO EIDO por herança de seus pais Francisco de Matos e Margarida Duarte. Francisco de Matos era irmão de Romão de Matos, ambos filhos de Francisco Gonçalves e Catarina Gonçalves, da CASA DO EIDO. O casal de primos José Duarte de Matos (1717-1790) da CASA DO EIDO, e Isabel Maria Teixeira de Carvalho e Matos (1716-1789) da CASA DE REGOUFE, foram pais de José Duarte Teixeira de Carvalho e Matos (1752-1826) que se casou com D. Maria Geraldes de Azevedo e Vasconcelos (f. 1833) filha herdeira de Antonio Geraldes de Queirós de Azevedo e Vasconcelos (1790-1875), último MORGADO DE PENIDOS.


Casa de Regoufe: a parte nova da casa, com sua escadaria, e a parte antiga à direita
Casa de Regoufe: a parte nova da casa, com sua escadaria, e a parte antiga à direita

O casamento de José Duarte Teixeira de Carvalho e Matos com D. Maria Geraldes de Azevedo e Vasconcelos trouxe um influxo de recursos financeiros que permitiram à família construir a parte nova do casario de Regoufe, alta e imponente, com escadaria de acesso ao 1º andar. Essa nova CASA DE REGOUFE é anexa à antiga CASA DE REGOUFE DE BAIXO, ficando a parte antiga da casa à direita da nova, formando os dois prédios uma estrutura em ângulo reto, em forma de L. Separado, mas no mesmo enfiamento do prédio antigo, está o edificio do celeiro, com alfaias e um engenho de azeite todo em madeira, e o respectivo lagar, que seria digno de figurar num museu agrícola. A denominação CASA DE REGOUFE refere-se a todo o casario, mas foi na parte antiga, na CASA DE REGOUFE DE BAIXO, que viveram os ancestrais mais remotos. As duas casas hoje pertencem a diferentes ramos da família Geraldes de Azevedo e Vasconcelos: os filhos de D. Maria Luiza Guzman Geraldes de Azevedo e Vasconcelos são proprietários da parte mais antiga e os filhos de sua irmã D. Maria Laura Guzman de Geraldes de Azevedo e Vasconcelos são proprietários da parte mais moderna.


D. Maria Laura e D. Maria Luiza eram filhas de José Duarte de Queirós Geraldes de Azevedo e Vasconcelos (1898-1968), netas de Antonio Geraldes de Almeida Peixoto de Azevedo e Vasconcelos (1876-1906), bisnetas de José Geraldes de Queirós de Azevedo e Vasconcelos (1832-1880), trinetas de Antonio Geraldes de Queirós de Azevedo e Vasconcelos (1790-1875), e tetranetas do casal José Duarte Teixeira de Carvalho e Matos (1752-1826) e D. Maria Geraldes de Azevedo e Vasconcelos (f. 1833), da Casa de Penidos.


A CASA DE REGOUFE chegou a ser dona de metade da freguesia de Carvalhosa, mas as suas terras foram reduzidas a uns 50 hectares de terra, a maior parte do lado direito da estrada municipal que atravessa a freguesia. Muitas terras do lado esquerdo da estrada que pertenceram à CASA DE REGOUFE, foram cedidas à freguesia de Carvalhosa para fins sociais. Por exemplo: 2400 metros quadrados foram oferecidos para fixar o cemitério, para o qual foi transferido o jazigo-capela da CASA DE REGOUFE, que estava no adro da igreja. Também o edifício da Junta de Freguesia e a Igreja Paroquial de São Romão estão em terra cedida pela CASA DE REGOUFE. A igreja fica a cerca de duzentos metros da entrada privada de acesso à casa. Talvez cumprisse a função de capela da família, pois havia um portão na traseira do adro da igreja, que era exclusivo da CASA DE REGOUFE e dava em terreno privado da casa. Talvez por isso não construiram uma capela na nova casa.

Junta de Freguesia e Igreja Paroquial construidas em terras de Regoufe
Junta de Freguesia e Igreja Paroquial construidas em terras de Regoufe

A CASA DE REGOUFE passou por 3 períodos distintos:

1- O primeiro vem de tempos imemoriais do Lugar de Regoufe e da Casa de Regoufe de Baixo, documentado sómente a partir do século XVI.

2- O segundo surge na metade do século XVII, com o propósito de reforçar sua ligação com as casas fortes da região: os Teixeira de Seixas, da Quinta do Paço, e os Matos, da Casa do Eido e da Quinta de São Romão em Castelões de Recesinhos.

3- O terceiro surge no fim do século XVIII, com a absorção do Morgado de Penidos, a decisão de fixar a sede da família em Carvalhosa, e a construção da parte nova da casa.



CASA DO EIDO


Meus amigos da CASA DE REGOUFE relataram que a maior parte das terras de Carvalhosa que ficam do lado direito da estrada eram quintas de Regoufe, inclusive a quinta e CASA DO EIDO, que ficava a meio da subida entre o atual Solar da Carvalhosa e a igreja. Na verdade, tanto a CASA DO EIDO como a CASA DE FUNDEVILA fizeram parte do patrimônio fundiário da CASA DE REGOUFE no passado. Os mais remotos ancestrais de família de Regoufe eram moradores da CASA DO EIDO.


Antiga casa no Lugar do Eido: a escadaria e a porta de entrada ocultas pela vegetação
Antiga casa no Lugar do Eido: a escadaria e a porta de entrada ocultas pela vegetação

Ainda hoje há uma casa à beira da estrada no Lugar do Eido, que deve ser remanescente da antiga CASA DO EIDO que floresceu no século XVIII.  Difícilmente a casa primitiva teria sobrevivido até os nossos dias, mas a porção de muro de pedra que ainda existe em frente a essa casa sugere que era naquele lugar que estava a antiga CASA DO EIDO.


Muro de pedra secular em frente de uma casa antiga no Lugar do Eido
Muro de pedra secular em frente de uma casa antiga no Lugar do Eido

Moradores da antiga CASA DO EIDO aparecem nos primeiros registros paroquiais de Carvalhosa com os apelidos Mendes, Coelho e Gonçalves. Alguns foram ancestrais de famílias ilustres das casas senhoriais de Carvalhosa. Essas famílias já foram objeto de um artigo desse blog  (Casa do Eido em Carvalhosa - Família Coelho de Magalhães) e voltam a ser mencionadas agora, por terem sido ancestrais de outras casas senhoriais de Carvalhosa.


SENHORES da CASA do EIDO:


Angela Duarte (1674-1753), senhora da CASA DO EIDO, filha herdeira de Francisco de Matos (nascido no Lugar do EIDO, freguesia de Carvalhosa) e Margarida Duarte (nascida no Lugar de VILA MEÃ, freguesia de Real), casados na Igreja do Salvador de Real em 1661.

Francisco de Matos (1629-1694) era filho de Francisco Gonçalves, de Vila Meã, e Catarina Gonçalves, da CASA DO EIDO de Carvalhosa. Seus avós maternos, André Gonçalves e Francisca Gonçalves, eram da CASA DO EIDO. Francisco de Matos foi filho primogênito e herdou a casa de seus pais.

Margarida Duarte era filha de Aleixo Gonçalves e Maria Duarte, neta paterna de Sebastião Gonçalves e Francisca Martins. Seus avós paternos eram bisavós do seu marido. Aleixo Gonçalves (pai dela) era irmão de Sebastião Gonçalves (avô paterno dele), portanto, Margarida Duarte era prima-irmã do seu sogro Francisco Gonçalves e  prima em 2º grau do seu marido.

Francisco de Matos e Margarida Duarte foram viver em Carvalhosa, onde tiveram 7 filhos entre 1662 e 1674: uns nasceram no Lugar de REGOUFE, outros nasceram no Lugar do EIDO. Embora fossem senhores da CASA DO EIDO, Francisco e Margarida faleceram no Lugar de REGOUFE, ele em 1694 e ela em 1708. É possível que tenham falecido na CASA DE REGOUFE DE BAIXO de Romão de Matos, que era irmão de Francisco de Matos.

O senhorio da CASA DO EIDO passou de Angela Duarte (1674-1753) para seu filho Dr. José Duarte de Matos (1717-1790) que se casou com sua prima Isabel Maria Teixeira de Carvalho e Matos (1716-1789), senhora da CASA DE REGOUFE DE BAIXO. Isabel herdou a casa de seu pai José de Matos Teixeira (1677-1754), filho de Romão de Matos e Mariana Teixeira de Seixas, primeiros senhores da CASA DE REGOUFE DE BAIXO. O casamento entre os primos José e Isabel foi citado numa publicação da genealogia da CASA DE REGOUFE DE BAIXO (Carvalhos de Basto § 15º/a – Título: Casa de Regoufe de Baixo) .


CASA do EIDO na origem da família da CASA de REGOUFE de BAIXO:


Catarina Gonçalves (filha de André Gonçalves e Francisca Gonçalves, nascida em 1590 na CASA DO EIDO) foi mãe de Romão de Matos (nascido em 1634 na CASA DO EIDO), casado em 1667 com Mariana Teixeira de Seixas, senhora da CASA DE REGOUFE DE BAIXO, onde tiveram 6 filhos entre 1668 e 1677.

 

CASA do EIDO na origem da família do Lugar de REGOUFE de CIMA:


Jorge Mendes (filho de Jorge Mendes e Catarina Dias, nascido em 1584 na CASA DO EIDO) casou com Isabel Coelho de Babo e foram pais de Angela Coelho, avós de Isabel Coelho, e bisavós de João Coelho (todos nascidos na CASA DO EIDO). Foram ancestrais de Cecília Delfina Correa Montenegro, casada em 1801 com João da Cunha Teixeira, do Lugar de REGOUFE DE CIMA, onde nasceram seus 5 filhos entre 1802 e 1810.


CASA do EIDO na origem da família da CASA de FUNDEVILA:


Jorge Mendes (filho de Jorge Mendes e Catarina Dias, nascido em 1584 na CASA DO EIDO) casou com Isabel Coelho de Babo e foram pais de Antonio Coelho, avós de Maria Coelho, e bisavós de Angela Coelho de Magalhães (nascida em 1680 na CASA DO EIDO), casada em 1709 com Antonio de Souza e Vasconcelos, senhor da CASA DE FUNDEVILA, onde tiveram 6 filhos entre 1710 e 1721.


 

CASA DE FUNDEVILA


A antiga CASA DE FUNDEVILA, com seu novo nome de Solar da Carvalhosa, fica junto à estrada municipal que atravessa a freguesia, do lado direito quem sobe, cerca de 1 km antes de chegar à Igreja Matriz de Carvalhosa.

A antiga casa e sua quinta anexa foram vendidas há mais de vinte anos para um determinando senhor que levou a cabo uma reforma tão radical que não se reconhece mais a antiga CASA DE FUNDEVILA. Uma casa muito maior e moderna foi edificada sobre a construção secular e pouco restou da fachada que as gerações passadas conheceram. Essa casa é agora a sede da Sociedade Agrícola do Solar de Carvalhosa, com enoturismo, criação de cavalos e produção de vinho verde de marca.


Solar da Carvalhosa - antiga Casa de Fundevila
Solar da Carvalhosa - antiga Casa de Fundevila

Meus amigos de Regoufe conheceram essa casa como tendo sido de sua tia D. Maria da Assumpção de Queirós Geraldes de Azevedo e Vasconcelos (1899-1976). Ela era irmã de José Duarte de Queirós Geraldes de Azevedo e Vasconcelos (1898-1968), avô dos atuais proprietários das duas casas de REGOUFE. Como a “tia Assumpção” não teve filhos, seus herdeiros foram uns sobrinhos que não tiveram nenhum interesse em conservar o patrimônio da família, ao contrário dos descendentes das senhoras D. Laura e D. Maria Luiza, que conservaram muito bem a sua CASA DE REGOUFE.


A CASA DE FUNDEVILA um dia integrou o patrimônio fundiário da CASA DE REGOUFE, mas saiu da posse do grupo de famílias das casas senhoriais de Carvalhosa e hoje faz parte de uma outra realidade.


A família da CASA DE FUNDEVILA já foi objeto de um artigo deste blog (Casa de Fundevila - Nossos Ancestrais em Carvalhosa). Quando o Capitão Antonio de Souza e Vasconcelos (1682-1765) casou-se com Angela Coelho de Magalhães (1680-1757) da CASA DO EIDO em 1709, quatro gerações da sua família já tinham vivido no Lugar de FUNDEVILA. O primeiro morador identificado nos registros paroquiais foi Gaspar Soares, pai de Gaspar Soares Coelho, nascido em 1578.  

A casa que os meus ancestrais herdaram deve ter sido construída na vigência do casamento de Antonio de Souza e Vasconcelos e Angela Coelho de Magalhães. Entre 1710 e 1721, eles viveram na CASA DO EIDO e na CASA DE FUNDEVILA, como atestam os assentos de batismo de seus 6 filhos. O filho desse casal que se tornou meu ancestral foi o Capitão Manuel de Souza e Vasconcelos (1716-1799), que nasceu na CASA DO EIDO e faleceu na CASA DE FUNDEVILA, de que era senhor. Deixou sua única filha Ana Joaquina de Souza e Vasconcelos como herdeira da CASA DE FUNDEVILA. Ela casou-se em 1779 com José Joaquim de Mesquita e tiveram 6 filhos, nascidos entre 1779 e 1786 na CASA DE FUNDEVILA.

A quinta filha desse casal foi Madalena Emilia Vasconcelos de Mesquita (1784-1863), que casou em 1804 com o Dr. Antonio Coelho de Magalhães Queirós da CASA DA BOTICA de Vila Meã. Eles foram ancestrais das famílias Souza Soares, Teixeira Leite, Ferreira Viana, Queirós Reis, Teixeira de Queirós, Teixeira de Lencastre, e Magalhães Queirós.


Antiga Casa de Fundevila, atual Solar da Carvalhosa - a escadaria foi preservada
Antiga Casa de Fundevila, atual Solar da Carvalhosa - a escadaria foi preservada

Ana Joaquina de Souza e Vasconcelos, senhora da CASA DE FUNDEVILA, deixou a sua casa como herança para o seu neto mais velho: José Maria de Mesquita e Vasconcelos (1801-1872). A antiga CASA DE FUNDEVILA e sua quinta anexa ficaram na propriedade da mesma família durante 300 anos. José Maria de Mesquita e Vasconcelos foi a 8ª e última geração da mesma família de senhores da CASA DE FUNDEVILA. Creio ter sido ele quem vendeu a casa ao senhor José Duarte Geraldes (1832-1880), que a agregou ao patrimônio fundiário da CASA DE REGOUFE.


 

CASA DO BUSTELO


Josefa Julia de Mesquita e Vasconcelos nasceu na CASA DE FUNDEVILA em 1828 e era filha do José Maria de Mesquita e Vasconcelos (1801-1872) mencionado no parágrafo anterior. Ela se casou em 1843 com José Teixeira Vaz Camelo (1828-1854), herdeiro da CASA DO BUSTELO, e tiveram 6 filhos entre 1844 e 1853. Josefa Julia enviuvou ainda jovem e continuou muito amiga dos seus tios e primos da CASA DA BOTICA de Vila Meã, que vinham visitá-la com frequência e passavam temporadas na sua CASA DO BUSTELO.


Casa do Bustelo da Família Moreira - com a pedra de armas dos Teixeira Vaz Camelo
Casa do Bustelo da Família Moreira - com a pedra de armas dos Teixeira Vaz Camelo

A CASA DO BUSTELO está ligada à minha família desde 1784, pois era morada da madrinha de batismo da minha 4ª avó Madalena Emilia Vasconcelos de Mesquita. Dona Angélica, do lugar de Bustelo, foi representada por procuração pelo Licenciado José Duarte, do lugar de Regoufe, na cerimônia do batismo. As relações com os padrinhos eram muito estreitas naquela época e eu imagino que Madalena Emília visitasse a sua madrinha na CASA DO BUSTELO, mas essa convivência durou pouco: Dona Angélica faleceu solteira em 1792, quando sua afilhada tinha menos de 8 anos.

Uma lenda familiar diz que a primeira filha de Madalena Emilia Vasconcelos de Mesquita, minha trisavó Maria José do Carmo (mãe dos Souza Soares de Vairão), teria nascido na CASA DO BUSTELO. Não encontrei comprovação desse fato: ela foi batizada em 1805 na Igreja de Real e o seu assento de batismo não menciona o lugar de nascimento.

A família da Casa da Botica de Vila Meã passava temporadas na CASA DO BUSTELO. Documentos familiares mencionam as relações estreitas entre as duas famílias. Na altura em que Madalena Emilia casou e mudou-se para Vila Meã, os senhores da CASA DO BUSTELO eram José Teixeira Carneiro e Eufemia Victoria Camelo da Silveira, os avós do José Teixeira Vaz Camelo que viria a casar-se em 1843 com Josefa Julia de Mesquita e Vasconcelos, da CASA DE FUNDEVILA, uma sobrinha-neta de Madalena Emília. Antes e depois desse casamento, certamente havia relações de estreita amizade entre a CASA DE FUNDEVILA, a CASA do BUSTELO e a Casa da Botica de Vila Meã.


SENHORES DA CASA DO BUSTELO:


  • Paulo Teixeira Mendes (f. 1724) pai de:

  • Manuel Teixeira Mendes (f. 1782) c.c. Joana Maria Dinis (f. 1752) pais de:

  • José Teixeira Carneiro (1737-1814) c.c. Eufemia Victoria Camelo da Silveira, filha de João Vaz Camelo da Silveira, pais de:

  • Antonio Teixeira da Silveira (n. 1804) c.c. Maria do Carmo Pinto de Matos (1805-1869) pais de:

  • José Teixeira Vaz Camelo (1828-1854) c.c. Josefa Julia Vasconcelos de Mesquita (n.1828) pais de:

  • José Maria Teixeira de Mesquita (n. 1844) c.c. Fortunato Amélia Soares de Freitas, pais de 2 filhos e 3 filhas, todos solteiros. José Maria Teixeira de Mesquita foi o último senhor da CASA DO BUSTELO pertencente à família Teixeira.


    Os últimos eventos familiares ocorridos naquela casa e registrados nos livros paroquiais, datam de 1883: o nascimento e falecimento precoce da menina Maria da Ascenção, filha de José Maria Teixeira de Mesquita. Ele teria 39 anos naquela altura. Seus filhos Evaristo e Antonio teriam, repectivamente, 19 e 14 anos. Não sei se esses filhos chegaram à idade adulta e se herdaram a casa do seu pai. Acredito que a CASA DO BUSTELO tenha sido vendida para outra família no fim do século XIX.


Em meados do século XX os meus amigos de Regoufe cultivavam uma amizade com os Moreiras de BUSTELO. Eles visitavam e frequentavam a CASA DE REGOUFE quando esta promovia bailes no verão. Essas duas casas, que ficam próximas, eram ambas visitadas pelo pintor Amadeu de Sousa Cardoso, quando ele estava na sua CASA DE MANHUFE, em Mancelos. Os Moreiras de Bustelo visitavam amiúde a CASA DE REGOUFE, atravessando os campos da quinta de Bustelo e depois os de Regoufe. O último proprietário da CASA DO BUSTELO era um advogado chamado Manuel Eduardo Lima Moreira (1936-2003). Terá sido a mãe dele quem herdou de uma tia a casa e quinta de Bustelo, onde ele passava férias na juventude, altura em que visitava a CASA DE REGOUFE. Quando herdou casa e a quinta de Bustelo, investiu imenso dinheiro na sua recuperação e conservação, e passava ali longas temporadas. Veio a falecer na sua CASA DO BUSTELO aos 67 anos. Sua mulher e seus filhos continuaram a dedicar-se à casa e quinta, mas no final a história se repete: as famílias gastam muito dinheiro, sofrem prejuízos, tem pouco rendimento, e resolvem vender.


A CASA DO BUSTELO já estava à venda na altura em que postei o primeiro artigo sobre ela neste blog e parece que a casa ainda não foi vendida. A imobiliária postou belas fotos da casa e da capela.


Repito abaixo o link para aceder ao anúncio de venda pela Remax pelo preço de 1 milhão e 200 mil euros.  



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Carmen Souza Soares Reis

Maio de 2025












 





 
 
 

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