SOUZAS e RIBEIROS - Armas de Dona Violante de Souza

DONA VIOLANTE DE SOUZA foi filha de DOM LOPO DIAS DE SOUZA, o último Grão Mestre da Ordem de Cristo, conforme consta no livro "Souza Soares" (pág. 403 e 404), sendo sua mãe DONA MARIA RIBEIRO. Esta senhora seria filha de um GONÇALO RIBEIRO, cuja genealogia remonta aos fidalgos RIBEIROS originários da Galicia. É fato sabido que a nossa família descende dos fidalgos SOUZAS e RIBEIROS, mas eu não mencionei os ancestrais de DONA MARIA RIBEIRO no meu livro, devido à controvérsia que existe com relação à filiação materna de DONA VIOLANTE DE SOUZA.

Por um lado, há fontes que alegam que DOM LOPO DIAS DE SOUZA conseguiu uma dispensa papal para casar-se com a nobre senhora DONA MARIA RIBEIRO, e que esse documento perdeu-se num incêndio. Levando em conta o fato de que DONA VIOLANTE DE SOUZA nunca foi legitimada, sou levada a crer que seus pais realmente se casaram. Portanto, acredito na hipótese do desaparecimento da dispensa papal ou de qualquer outro documento que pudesse provar o seu casamento com DOM LOPO DIAS DE SOUZA. Minha posição baseia-se em quatro citações avalizadas:

1) "Dom Lopo casou com Maria Ribeiro, a qual jaz em Pombal e houve dispensa do Papa para a receber" - Livro de Linhagens (século XVI);

2) "O Mestre teve filhos em uma Maria Ribeira natural de Pombal e há tradição que esta Maria Ribeira era mulher nobre, de sorte que o Mestre tinha dispensa para casar com ela" - Afonso de Torres (século XVII);

3) "Dona Maria Ribeira era natural de Pombal, onde jaz sepultada, e filha de Gonçalo Ribeiro, pessoa de tão qualificada nobreza, que o Mestre tivera dispensa do Papa e recebera a Dona Maria" - citado por Manuel Abranches de Soveral;

4) "O breve de dispensa perecera com todos os papéis antigos daquela Casa, no incendio da Quinta da Romeira, onde estava o seu Arquivo, quando da morte d'El Rei Dom Henrique" - Manoel de Souza Moreira.

Por outro lado, o eminente genealogista Manuel Abranches de Soveral escreveu um trabalho entitulado "Os filhos e netos do 'muj honrrado barom' Dom Frei Lopo Dias de Souza 8º mestre da Ordem de Cristo," onde defende que a mãe de Dona Violante de Souza seria uma Leonor Ribeiro (não referida como Dona, porque não era nobre) que teve 3 filhos de Dom Lopo Dias de Souza, que foram legitimados em 1398. Alguns genealogistas seguem essa opinião sobre a filiação materna de Dona Violante de Souza. Minha opinião é contrária a essa tese.

Brasão de Armas de Dona Violante de Souza

no túmulo de Rui Vasques Ribeiro de Vasconcelos, Senhor de Figueiró,

na Igreja de São João Batista de Figueiró dos Vinhos, na Leiria

DONA VIOLANTE DE SOUZA (1385-1465) casou-se em 1423 com o fidalgo RUI VASQUES RIBEIRO DE VASCONCELOS, que faleceu em 1434. Os restos de ambos foram trasladados em 1452 para a Igreja de São João Batista de Figueiró dos Vinhos, na Leiria, para o conhecido "túmulo dos Senhores de Figueiró." Esse túmulo foi encomendado pelo filho herdeiro João Roiz de Vasconcelos e tem as armas dos seus pais gravadas na pedra. O escudo de RUI VASQUES RIBEIRO DE VASCONCELOS é partido, com as armas dos RIBEIROS e dos VASCONCELOS. O escudo de DONA VIOLANTE DE SOUZA é esquartelado: à esquerda as armas do seu marido e à direita as armas dos SOUZAS de Arronches, que são as do seu pai.

DOM LOPO DIAS DE SOUZA (1361-1417) era filho de DOM ALVARO DIAS DE SOUZA (17º Senhor da Casa de Souza, Senhor de Mafra e Ericeira) e de DONA MARIA TELLES DE MENEZES (1338-1379). Sua mãe teve um fim muito triste: foi assassinada em Coimbra pelo seu segundo marido, em consequência de intrigas de seus irmãos Dona Leonor Telles de Menezes e Dom João Afonso Tello. O marido assassino era nada menos que um dos filhos do Rei Dom Pedro com Inês de Castro: Dom João de Castro, que foi exilado para Salamanca. A irmã intrigante era nada menos que a Rainha Dona Leonor Telles, mulher do Rei Dom Fernando, que também foi exilada para Tordesilhas e lá faleceu num convento.

A história de DOM LOPO DIAS DE SOUZA, o 8º e último Grão Mestre da Ordem de Cristo, é bem conhecida. Com a sua morte, o Infante Dom Henrique assumiu o comando da Ordem de Cristo e iniciou a gloriosa era das navegações. Vou apresentar aqui apenas as imagens dos dois túmulos desse nosso ancestral (o primeiro no Mosteiro da Batalha e o último no Convento de Cristo em Tomar), pela curiosidade dos brasões de armas e do epitáfio.

TÚMULO DE DOM LOPO DIAS DE SOUZA - CONVENTO DE CRISTO EM TOMAR

(Escudo esquartelado dos Souzas de Arronches ao lado da Cruz da Ordem de Cristo)

Diz o epitáfio: "AQI JAZ O MTº ÕRADO QOMÊDADOR DÕ LºPO DIAZ DE SOUZA MEZTRE DA ORDÊ DE CRITVS Q FOI SÊPE MTº LeAL SRIDOR AO MTº ALTº SÊPE VÊSEDOR L REI DÕ JÕA O PMRº O QVAL FOi GRÃDE AJVDA Ê DEFÊSAO DESTES REINOs E ÊTROV CÕ HEE CÎQO VEZES Ê CASTELª CÕ SVA CAVALARIA E Ê A TOMADA DE CEPTA E TEVE O MESTRADO QORÊTA E SEIS ANÕS E FINOVSE NA ERA DE IHV XPÕ DE 1000 E 400 E 31 ANOS AOS NOVE DIAS DO MES DE FEVRº E O MTº HÕRADO E PrEZADO SÕR O IFÃTE DÕ ÃRIQE COVERNADOr DA DITA HORDÊ DVc DE VIZEV E SÕR DE COViLIÃ O MÃDOV TRELªDAR A ESTE CÕVÊTO AOS OITº DIAZ DO MES DE MARCO DA DITA ERA DO NACMTº DE NOSO SÕR DE 1431 ANOS"

PRIMEIRO TÚMULO DE DOM LOPO DIAS DE SOUZA - MOSTEIRO DA BATALHA

Provável antiga representação do escudo de armas dos Souzas de Arronches

 (as armas dos Souzas estão nos 1º e 3º quartéis - em Tomar as armas reais estão nesses quartéis)

ISABEL DE SOUZA, filha de RUI VASQUES RIBEIRO DE VASCONCELOS e DONA VIOLANTE DE SOUZA, é a nossa ancestral que descende dos "fidalgos Souzas e Ribeiros." Ela casou-se na década de 1440 com JOÃO DE MAGALHÃES, Fidalgo da Casa d'El Rei Dom Afonso V, Senhor de Ponte da Barca e Senhor da Honra e Torre de Magalhães.

A descendência desse casal distinguiu-se pelo apelido MAGALHÃES durante quatorze gerações!

Na oitava geração os Magalhães chegaram à QUINTA DO PAÇO DE SOUTELO em Constance, onde ainda existe o brasão dos Magalhães numa parede externa da parte antiga da casa.

Quatro gerações depois, uma Magalhães nascida em Soutelo herdou a QUINTA DO EIRÔ em Castelões de Recesinhos, e a CASA DO RIBEIRO em Oliveira.

Duas gerações mais tarde, sua neta MARIA JOSÉ DO CARMO LEITE DE MAGALHÃES CAMELO casou com o Morgado da QUINTA DE VILA NOVA em Castelões de Recesinhos. Ela foi a última Magalhães descendente de ISABEL DE SOUZA e JOÃO DE MAGALHÃES. Seus filhos usaram o apelido LEITE junto aos apelidos centenários da sua família paterna, surgindo assim os primeiros TEIXEIRA LEITE.

DESCENDENTES de ISABEL DE SOUZA e JOÃO DE MAGALHÃES

(os números indicam as gerações: 1=filho, 2=neto, 3=bisneto, 4=trineto etc.)

1 - RUI PIRES DE MAGALHÃES - Deão da Sé de Coimbra, viveu em Amarante, casou com Maria Afonso.

2 - JOÃO DE MAGALHÃES - viveu em Amarante, casou com Maria de Basto.

3 - ANTONIO DE MAGALHÃES - viveu na Casa da Porta, em Unhão (Lousada), casou com Genebra Teixeira.

4 - FERNÃO DE MAGALHÃES TEIXEIRA - Fidalgo da Casa Real, viveu na Quinta do Covo, em Terras da Feira, casou com Ana Morena.

5 - HEITOR DE MAGALHÃES - Fidalgo da Casa Real 1487, Senhor da Honra de Sanfins, em Lousada, casou com Leonor da Rocha.

6 - JOÃO DE MAGALHÃES (f. 1547) - Tabelião em Unhão (Lousada), casou com Maria Pinto de Azevedo, faleceu em Lisboa.

7 - GREGÓRIO DE MAGALHÃES E AZEVEDO (f. 1612) - Escudeiro Fidalgo, Capitão de Ordenanças de Unhão (Lousada), Senhor da Quinta de Lamas em Aveleda, Lousada, casou com Ana Coelho Pinto de Sampaio.

8 - ISABEL PINTO DE MAGALHÃES (f. 1662) - c.c. Gregório Teixeira , Senhor da Quinta de Soutelo, em Constance, em 1586 (ele faleceu em 1595), casou com Melchior Dias de Babo, Senhor da Casa da Quintã, em Constance, em 1596 (ele faleceu em 1620).

9 - JOÃO TEIXEIRA DE MAGALHÃES (1588-1655) - Senhor da Quinta de Soutelo, em Constance, casou com Ana de Banhos Aranha, de Penha Longa, Marco de Canaveses, em 1624.

10 - GASPAR DE MAGALHÃES COUTINHO (nasceu 1625) - Senhor da Quinta de Soutelo, casou com Ana de Magalhães Coelho, da Quinta de Souza, em São Lourenço das Pias, em 1656.

11 - JOÃO DE MAGALHÃES COUTINHO (1659-1734) - casou com Baptista de Queirós da Fonseca, da Quinta da Várzea, em Amarante.

12 - ANTONIA RAFAELA DE MAGALHÃES E VASCONCELOS (1714-1779) - casou com Cristóvão Antonio Leite Cabral, Senhor da Quinta do Eirô, em Castelões, em 1742. Herdou a Casa do Ribeiro, em Oliveira, dos seus parentes Baldaya Beliagoa.

13 - JOÃO LEITE CABRAL DE MAGALHÃES E VASCONCELOS (1742-1814) - Senhor da Quinta do Eirô e da Casa do Ribeiro, casou com Anna Tomásia Moreira Camello de Souza, da Quinta da Telha, em Vila Boa de Quires, em 1775.

14 - MARIA JOSÉ DO CARMO LEITE DE MAGALHÃES CAMELLO (1782-1821) - herdeira da Quinta do Eirô e da Casa do Ribeiro, casou com Bernardo Antonio Julio Teixeira de Azeredo Monterroio, Morgado da Quinta de Vila Nova, em Castelões, em 1811.

15 a- JOÃO TEIXEIRA LEITE DE AZEREDO MONTERROIO (1812-1852) - filho primogênito, herdeiro da Quinta do Eirô e da Casa do Ribeiro, casou com ANNA VICTORIA DE QUEIRÓS, da Casa da Botica de Vila Meã, em 1836. Foi deserdado da Quinta de Vila Nova porque seu casamento desagradou ao seu pai. Sua filha Maria Augusta Teixeira Leite casou com Dr. Torquato Brochado, herdeiro da Casa do Marmoiral em Vila Meã, que ainda se encontra na posse da família BROCHADO DE SOUZA SOARES. Seus outros filhos foram para o Brasil e viveram em Recife, onde o meu bisavô Bernardo Teixeira Leite casou em 1872 com sua prima materna Lucrécia Souza Soares de Queirós e deram início à família TEIXEIRA LEITE do Brasil.

15 b- RODRIGO TEIXEIRA LEITE DE AZEREDO MONTERROIO (1818-1852) - Senhor da Quinta de Vila Nova, em Castelões, casou com ANNA DE LENCASTRE E MENESES, da Casa de Cabanelas, em Bustelo, em 1844. Seus descendentes LENCASTRE ainda são senhores daquela quinta milenar e ali estabeleceram uma bem sucedida vinícola.

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Carmen Souza Soares Reis

junho 2025