CASA do MARMOIRAL - Família Brochado de Souza Soares
- Carmen Souza Soares Reis
- Aug 15, 2021
- 7 min read
Updated: Jun 16, 2024
O jovem e simpático primo JOSÉ MANUEL BURGUETE DE SOUZA SOARES é proprietário da Casa do Marmorial desde a morte de seu pai, AFONSO BROCHADO LENCASTRE DE SOUZA SOARES, em 2019. José Manuel chegou à posse da casa que pertenceu aos seus ancestrais Cardoso e Brochado da seguinte maneira: o Dr. TORQUATO ERNESTO CARDOSO BROCHADO tornou-se senhor da Casa do Marmoiral pela morte de seus pais, que já foram mencionados num post anterior sobre a Origem da Casa do Marmoiral. Seu pai, Afonso Augusto Cardoso Brochado, falecera em 1918 e sua mãe, Maria Augusta Teixeira Leite, em 1921. O Dr. Torquato estava casado com ELVIRA RAMOS DE SOUZA SOARES desde 1898 e não tinham filhos. Ele faleceu em 1937 e ela em 1942, deixando ao seu sobrinho TORQUATO BROCHADO DE SOUZA SOARES (que era meio-irmão de Elvira) o usufruto da Casa do Marmoiral e instituindo herdeiro da propriedade o seu sobrinho-neto AFONSO BROCHADO LENCASTRE DE SOUZA SOARES, pai do primo José Manuel.

CASA DO MARMOIRAL
Num post anterior contei a história da origem da Casa do Marmoiral. A história mais recente teve início na geração anterior aos avós do atual proprietário. É a história de dois casamentos, um realizado em 1896 e outro em 1898, que decorreram de eventos ocorridos no verão de 1895 e resultaram na formação da FAMÍLIA BROCHADO DE SOUZA SOARES.
Verão de 1895 – cenário Grande Hotel do Porto. José Alvares de Souza Soares, residente no Brasil, viúvo recente, estava ali hospedado com sua família, que trouxera para conhecer a sua terra natal, de onde saíra aos 16 anos com destino a Pernambuco. Tencionava ir a Vila Meã visitar a Casa da Botica, onde vivera, e seus primos que ainda ali viviam. Por acaso, encontrou-se nesse hotel com seu primo Torquato Ernesto Cardoso Brochado, filho da sua prima Maria Augusta Teixeira Leite, que tinha 27 anos, estava por se formar em Medicina, e imediatamente agradou-se da sua prima Elvira, de 21 anos.
A família Souza Soares concretizou sua viagem a Vila Meã, onde visitaram a Casa do Marmoiral e o primo que haviam conhecido no Grande Hotel do Porto. Esta visita ensejou o primeiro encontro de José Alvares de Souza Soares com sua prima Maria d’Assumpção, de 21 anos, e viriam a casar-se no ano seguinte.
No roteiro da sua viagem à Europa, José tinha planejado uma estada em Paris com sua filha Elvira. Os filhos menores ficariam no Porto, com a tia Maria da Glória de Magalhães Queirós, viúva de Antonio Pedro de Souza Soares, que retornara ao Porto depois de viúva. Aquela viagem a Paris seria o coroamento da educação de Elvira. Ela tinha sido educada de maneira esmerada, sabia falar francês e tinha aprendido muitos hábitos da cultura francesa, como era hábito entre as famílias abastadas da cidade de Pelotas. Como as duas primas eram da mesma idade e haviam estabelecido relações muito cordiais, José tomou a inciativa de convidar Assumpção para acompanhá-los nessa viagem. Foi desta forma que se estreitaram os laços de amizade entre os três primos e resultou no contrato de casamento do viúvo com a prima que poderia ser sua filha, para o verão seguinte.
Casamento realizado em 11 de julho de 1896:
JOSÉ ALVARES DE SOUZA SOARES (1846-1911) e MARIA D’ASSUMPÇÃO TEIXEIRA LEITE CARDOSO BROCHADO (1874-1956) eram primos em 2º grau pela família da Casa da Botica: ela era neta de Anna Victoria de Queirós e de João Teixeira Leite, ele era filho de Maria José de Queirós e do Dr José Alvares de Souza Soares, cirurgião em Vairão. Casaram-se em 11 de julho de 1896, na Igreja de São Pedro de Ataíde e a data ficou nos anais da freguesia de Ataíde e da sociedade portuense. Recortes de jornais, recibos de contas relativas a imensas despesas feitas pelo rico brasileiro José, foram guardadas pela família e revelam detalhes do que foi a cerimônia e a festa que se seguiu para festejar a ocasião. O segundo casamento de José foi a coroação de sua história de sucesso! Órfão de pai, criado pela família da mãe na Casa da Botica, parte para o Brasil aos 16 anos e retorna à sua pátria ostentando uma situação invejável de viúvo milionário: o protótipo do “brasileiro” e do “bom partido”. Fez um excelente casamento, com uma moça jovem e bonita, de família conhecida e sólida situação financeira. Os noivos partiram logo após a festa do casamento para uma longa viagem de lua de mel. Meses depois chegaram a Pelotas, onde estabeleceram-se com todo o conforto e o luxo que o rico marido podia proporcionar. A principio viveram na Casa do Parque Souza Soares, mas em seguida mudaram-se para o centro da cidade e viveram no sobrado do Estabelecimento Souza Soares na esquina das ruas Andrade Neves com General Netto, e ali tiveram seus dois primeiros filhos: Afonso em 1897 e Bento em 1899. No ano seguinte, voltaram para Portugal. Viveram a princípio na Casa da Capela na Foz do Douro, onde nasceu a primeira filha (Maria José), e depois radicaram-se num palacete que compraram na Rua de Santa Catarina, onde nasceram os filhos seguintes (Maria Augusta, TORQUATO, José Delfim, Maria da Assunção, Maria Antonia, Alexandre e Manuel Maria). Posteriormente, construiram a Casa de Santa Cruz em Vila Meã, muito próxima à Casa do Marmorial, onde ambos vieram a falecer, ele em 1911, ela em 1956.
José Alvares de Souza Soares e Maria d’Assumpção Teixeira Leite Brochado tiveram ao todo 10 filhos, dos quais apenas 3 deixaram geração: MARIA JOSÉ (família Souza Soares Pinto da Silva), TORQUATO (família Lencastre e Souza Soares, da Casa do Marmorial) e JOSÉ DELFIM (família Andrade de Souza Soares, da Casa de Santa Cruz).
Casamento realizado em 3 de abril de 1898:
TORQUATO ERNESTO TEIXEIRA LEITE CARDOSO BRAOCHADO (1868-1937) e ELVIRA RAMOS DE SOUZA SOARES (1874-1942) eram primos em 3º grau pela família da Casa da Botica: ele era neto de Anna Victoria de Queirós e de João Teixeira Leite, ela era neta de Maria José de Queirós e do Dr José Alvares de Souza Soares, cirurgião em Vairão. Ambos bisnetos do casal Dr Antonio Coelho de Magalhães Queirós e Madalena Emilia Vasconcelos de Mesquita.

Elvira e Torquato conheceram-se no Porto no verão de 1895 e desde então mantiveram correspondência, em que fizeram planos e contrataram casamento. Em 1898 ela viajou para Portugal para casar-se. Quem a acompanhou ao altar foi o seu irmão Miguel (meu avô), que encontrava-se em Vila Meã, à espera de iniciar o seu curso na Médica do Porto - o que acabou por não acontecer, devido a uma mudança nos planos da família Souza Soares.
A viagem de Elvira para Portugal não foi apenas a mudança de uma jovem para outro país a fim de casar-se com um primo: foi a mudança de parte da família Souza Soares de Pelotas para a Casa do Marmoiral! Quando a minha bisavó Joana Ramos de Souza Soares faleceu em 1894, Elvira estava com 20 anos e assumiu a direção da casa do Parque Souza Soares e o cuidado com seus irmãos menores: Eduardo de 10, Joana de 8, Luzia de 7 e José de 3 anos de idade. Leopoldo e Miguel, de 17 e 14 anos, foram mandados para um colégio interno. Em 1898, quando viajou para Portugal para casar-se, Elvira estava com 24 anos. Levou com ela Joana de 12 anos, Luzia de 11, e José de 7, para viverem com ela e o marido na Casa do Marmoiral.
A vida de casada de Elvira não foi muito diferente da sua vida de solteira em Pelotas. Ela administrava de modo impecável a Casa do Marmoiral e sua família, da mesma forma que fazia na casa do Parque Souza Soares, depois da morte da sua mãe. A Casa do Marmoiral, para os Souza Soares do Brasil, foi sempre foi a “casa da Tia Elvira”. Era assim que a minha mãe e os meus tios do Parque Souza Soares se referiam a esta casa. Muitas cartas e fotografias eram trocadas entre o meu avô Miguel e seus irmãos, através das quais os primos brasileiros passaram a conhecer alguns recantos da Casa do Marmoiral.


A Casa do Marmoiral foi a última morada das 3 irmãs Souza Soares, tias paternas da minha mãe. Luzia ali faleceu em 11 de fevereira do 1910, Joana em 6 de junho de 1936 e por último a senhora da Casa, Elvira, 25 de novembro de 1942.
Como já foi dito, o Dr Torquato Brochado e sua esposa e prima Elvira Ramos de Souza Soares não tiveram filhos e deixaram o usufruto da Casa do Marmorial para o seu sobrinho TORQUATO BROCHADO DE SOUZA SOARES (que era meio-irmão de Elvira) e instituiram como herdeiro da propriedade o seu sobrinho-neto AFONSO BROCHADO LENCASTRE DE SOUZA SOARES, pai do atual proprietário.
TORQUATO BROCHADO DE SOUZA SOARES e sua mulher Maria da Fonseca e Meneses de Lencastre tornaram-se usufrutuários da Casa do Marmoiral pela morte dos seus tios Torquato e Elvira, pois viviam naquela casa desde o seu casamento a nela haviam nascido seus 4 primeiros filhos: AFONSO n. 13-8-1929, Maria Augusta n. 23-12-1930, José Bruno n. 18-1-1932 e Ana Maria 24-10-1933. Sua última filha, Isabel Maria (Kika) nasceu em Coimbra em 5-5-1946.
AFONSO BROCHADO LENCASTRE DE SOUZA SOARES, herdeiro da Casa do Marmoiral, casou-se em Goa em 1955 com Maria Helena Calheiros Fróes Burguete e tiveram 6 filhos. Os 3 primeiros nasceram em Lisboa (Francisco em 1956, Maria Alice em 1957, e GONÇALO em 1959) e os 3 últimos nasceram no Porto (JOSÉ MANUEL em 1961, Maria em 1963, e Marta em 1971).
JOSÉ MANUEL herdou a Casa do Marmoiral, que se encontra muito bem conservada e fazemos votos para que assim permaneça. Trata-se de uma bela casa, que está na posse da família desde o século XVII.
Seu irmão GONÇALO é o proprietário da Casa de Santa Cruz, construída pelo Visconde de Souza Soares, que foi palco de muitos acontecimentos memoráveis, como os casamentos de sua tia-avó Maria José Brochado de Souza Soares com Daniel Pinto da Silva em 1924 e de seu avós Torquato Brochado de Souza Soares e Maria da Fonseca e Meneses de Lencastre em 1928. A Casa de Santa Cruz também foi palco de episódios tristes, pois ali faleceram muitos Souza Soares: o Visconde em 1911 e seus filhos Manuel Maria em 1933, Alexandre em 1935, Bento em 1936, a Viscondessa em 1956, Afonso em 1976, Maria d’Assumpção em 1982 e Maria Antonia em 1995.
Depois da morte dessas duas tias que ali viviam, AFONSO LENCASTRE DE SOUZA SOARES e seu filho GONÇALO compraram a parte que coube aos outros herdeiros. A Casa de Santa Cruz - com a pedra d’armas do Visconde de Souza Soares e o seu antigo portão de ferro com as iniciais SS - está sendo impecavelmente restaurada, depois de muitos anos de abandono. Isto é motivo de alegria para toda a família Souza Soares! Bem haja, primo Gonçalo!
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As fotografias do casal Elvira-Torquato no interior e à janela da Casa do Marmoiral foram gentilmente cedidas pelo primo Francisco Manuel de Souza Soares da Gama, a quem agradeço a colaboração para ilustrar esse artigo.
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