CASA de FUNDEVILA - Família Vasconcelos de Mesquita

CASA de FUNDEVILA - Carvalhosa, Marco de Canaveses

Quase todos os meus parentes SOUZA SOARES e muitos dos amigos que me prestigiaram adquirindo o livro "Souza Soares", estão cientes de que essa família tem origens na CASA da BOTICA de Vila Meã, do farmacêutico Dr. Antonio Coelho de Magalhães Queirós, e sabem que a sua mulher, D. MADALENA EMILIA VASCONCELOS DE MESQUITA, nasceu na CASA de FUNDEVILA em Carvalhosa. Essa nossa ancestral foi objeto de um post sobre a CASA do BUSTELO, que era considerada como a casa da família dela em Carvalhosa e lá se hospedavam os nossos parentes de Vila Meã quando iam àquela cidade vizinha. Naquele mesmo post foi relatada a minha visita a Carvalhosa, em que não consegui descobrir a localização da casa onde nasceu a minha ancestral, por não ter encontrado ninguém que me soubesse informar. Por esse motivo, considerei a possibilidade daquela antiga casa não existir mais. Nem me passou pela cabeça que a CASA de FUNDEVILA pudesse ter mudado de nome!

Mas nada como um dia atrás do outro! Cada novo dia nos traz uma surpresa! Foi exatamente isso que aconteceu: a publicação do meu post sobre a CASA de REGOUFE - a bela casa senhorial que integra o patrimonio histórico de Carvalhosa - ensejou contato com um membro da família dos atuais proprietários, que se tornou meu amigo. Como ele conhece muito bem Carvalhosa, forneceu-me uma noção bem nítida da geografia do local e informou-me que a CASA de FUNDEVILA continua lá, no mesmo lugar onde sempre esteve: junto à estrada municipal que atravessa a freguesia, do lado direito de quem sobe, a cerca de 1 Km antes de chegar à Igreja de São Romão de Carvalhosa.

A CASA de FUNDEVILA pertencia ao património fundiário da CASA de REGOUFE por ocasião das partilhas entre os herdeiros do Sr. Antonio Geraldes de Almeida Peixoto de Azevedo e Vasconcelos (1876-1906). A CASA de REGOUFE coube ao filho José Duarte de Queirós Geraldes de Azevedo e Vasconcelos (1898-1968) e a CASA de FUNDEVILA coube à filha D. Maria da Assunção de Queirós Geraldes de Azevedo e Vasconcelos (1899-1976).

Hoje a CASA de FUNDEVILA está muito diferente daquela que o meu amigo conheceu quando pertencia à D. Maria da Assunção. Há mais de vinte anos que não pertence mais à família da CASA de REGOUFE. Foi vendida a um senhor muito rico, que remodelou a antiga casa e edificou sobre ela uma outra muito maior e imponente, à qual passou a chamar SOLAR da CARVALHOSA e criou a Sociedade Agrícola do Solar da Carvalhosa, com enoturismo, criação de cavalos e produção de vinho verde de marca. O novo proprietário também concebeu uma nova entrada, mais pomposa, e ladeou com palmeiras o novo muro de separação para a estrada.

Nada restou do visual da antiga CASA de FUNDEVILA, pois a reforma realizada pelo atual proprietário desfigurou completamente a casa original. O novo nome da propriedade também contribuiu para dificultar a identificação e localização da antiga CASA de FUNDEVILA, onde viveram oito gerações dos meus ancestrais.

SOLAR da CARVALHOSA - (antiga CASA de FUNDEVILA)

O SOLAR da CARVALHOSA (antiga CASA de FUNDEVILA) está localizado na parte final da freguesia de Carvalhosa, no lugar outrora chamado Fundo de Vila (Fundevila), bem próximo ao limite do concelho de Marco de Canaveses com o concelho de Penafiel. A poucas centenas de metros abaixo da casa, passa um ribeiro que separa os dois concelhos (canto inferior direito da imagem abaixo). Bem perto encontra-se a estação do caminho de ferro de Recezinhos, que pertence a Penafiel, e a dois quilómetros ao norte fica Vila Meã, que pertence a Amarante.

Quem se interessar pela geografia dessa região, poderá verificar em qualquer mapa que a freguesia de Carvalhosa está localizada numa parte do concelho de Marco de Canaveses que avança adentro do concelho de Amarante. Os montados de Regoufe (a leste) confinam com Vila Caiz, e o monte das Lajes (a oeste, do lado esquerdo da estrada) confina com Real e Manhufe, localidades que pertencem a Amarante. Não admira que algumas famílias de Carvalhosa tenham raízes em Vila Caiz e em Vila Meã. Meu novo amigo fez o seguinte comentário: "Todas aquelas casas ficavam relativamente perto umas das outras e as famílias conheciam-se e cultivavam os casamentos de conveniência."

NOSSOS ANCESTRAIS da CASA de FUNDEVILA

A CASA de FUNDEVILA consta nos registos paroquiais de Carvalhosa como propriedade dos ancestrais da FAMÍLIA SOUZA E VASCONCELOS desde o século XVI. Ali nasceu D. ANA JOAQUINA DE SOUZA E VASCONCELOS (1758-1844), que foi mãe de D. MADALENA EMILIA VASCONCELOS DE MESQUITA (1784-1863), mulher do Dr. Antonio Coelho de Magalhães Queirós, da CASA da BOTICA de Vila Meã. Algumas filhas desse casal tornaram-se senhoras de conhecidas casas senhoriais da região e foram matriarcas de grandes famílias como Souza Soares, Teixeira Leite, Teixeira de Lencastre, Teixeira de Queirós, Ferreira Viana, Lencastre de Freitas, e outras.

O lugar de FUNDEVILA (Fundo de Vila) é mencionado nos livros paroquiais de Carvalhosa desde o século XVI: o assento de óbito de MARTA SOARES (quinta-avó do Capitão Manuel de Souza e Vasconcelos) tem a data de 17 de outubro de 1578. Seu filho GASPAR SOARES é mencionado nesse assento óbito e aparece como testemunha em outros registros, sempre como morador no lugar de FUNDEVILA. Seu filho GASPAR SOARES COELHO (1578-1631) casou-se com ANTONIA PINTA (f. 1650) e foram pais de 8 filhos, entre os quais ISIDORO SOARES COELHO (f. 1674), que foi cidadão conhecido na freguesia de Carvalhosa, tendo seu nome citado com frequência nos livros paroquiais. Ele deixou como herdeiro seu filho ROMÃO SOARES (1641-1729), que veio a se casar com LUIZA DE SOUZA, da CASA do RIBEIRO em Toutosa, e foram pais do Capitão JOÃO DE SOUZA E VASCONCELOS (1682-1765), a quem tocou a QUINTA de FUNDEVILA, por escritura deixada por seu pai. Este casou-se com ANGELA COELHO DE MAGALHÃES (1680-1757), da CASA do EIDO de Carvalhosa, e foram pais do Capitão MANUEL DE SOUZA E VASCONCELOS (1716-1799), que inicia a nossa linha genealógica da CASA de FUNDEVILA.

Minha quinta-avó D. ANA JOAQUINA DE SOUZA E VASCONCELOS (1758-1844) foi herdeira da CASA de FUNDEVILA que pertencia ao seu pai, o Capitão MANUEL DE SOUZA E VASCONCELOS (1716-1799). Ele faleceu solteiro e legou a casa à sua filha natural reconhecida, que era sua única descendente. D. Ana Joaquina viveu sempre na CASA de FUNDEVILA, como filha do senhor da casa e depois como senhora da casa, e fez doação da sua propriedade ao neto JOSÉ MARIA DE MESQUITA VASCONCELOS (1801-1872), como consta no seu assento de óbito. A família de José Maria viveu na CASA de FUNDEVILA durante mais de 30 anos depois da morte da sua avó. A certa altura, a casa passou integrar o patrimônio fundiário da CASA de REGOUFE. Deve ter sido vendida ao Sr. José Duarte Geraldes de Queirós de Azevedo e Vasconcelos pouco antes da sua morte em 1880. Àquela altura, a única sobrevivente da família de José Maria era sua filha JOSEFA JULIA DE MESQUITA E VASCONCELOS, viúva de JOSÉ TEIXEIRA VAZ CAMELLO e senhora da CASA do BUSTELO, onde vivia com seus filhos. A CASA do BUSTELO passou então a ser considerada como "a casa da nossa família em Carvalhosa" pelos únicos parentes de Josefa Julia: seus primos da CASA da BOTICA de Vila Meã, filhos da sua tia D. MADALENA EMILIA VASCONCELOS DE MESQUITA, minha tetravó.

Como todos nós descendemos de duas famílias, também o Capitão MANUEL DE SOUZA E VASCONCELOS era da CASA de FUNDEVILA pelo lado paterno e da CASA do EIDO pelo lado materno. Sua mãe ANGELA COELHO DE MAGALHÃES descende dos primeiros moradores de Carvalhosa: quatro gerações dos seus ancestrais da CASA do EIDO chegam até o século XVI. Mas isso é assunto para um próximo post.

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Carmen Souza Soares Reis

2024