CASA do BUSTELO e CASA de FUNDEVILA - Famílias Teixeira da Silveira e Vasconcelos de Mesquita
- Carmen Souza Soares Reis
- Jul 15, 2021
- 8 min read
Updated: Oct 2

A CASA do BUSTELO é uma bela casa senhorial brasonada que data do século XVII e se encontra muito bem conservada. Infelizmente, quando estive em Carvalhosa, não consegui me aproximar o suficiente para tirar uma fotografia decente: o caseiro era antipático e o cão de guarda era competente na sua tarefa. Encontrei a foto acima na internet, num artigo sobre o patrimônio histórico de Carvalhosa. No final desse post, há uma Nota sobre a anunciada venda da Casa do Bustelo.
A CASA do BUSTELO passou de pai para filho durante pelo menos 200 anos e 6 gerações: PAULO TEIXEIRA MENDES (1644-1724), MANUEL TEIXEIRA MENDES (f. 1782), JOSÉ TEIXEIRA CARNEIRO (1737-1814), ANTONIO TEIXEIRA da SILVEIRA (n. 1804), JOSÉ TEIXEIRA da SILVEIRA ou JOSÉ TEIXEIRA VAZ CAMELLO (1828-1854), e JOSÉ MARIA TEIXEIRA de MESQUITA (n. 1844). Este último era filho de uma sobrinha-neta da minha tetravó Dona MADALENA EMÍLIA VASCONCELOS de MESQUITA (1784-1863). Esse parentesco será melhor esclarecido na seção seguinte, sobre a Casa de Fundevila.
Dona MADALENA EMÍLIA VASCONCELOS de MESQUITA nasceu na Casa de Fundevila, em Carvalhosa. Criou sua família na Casa da Botica de Vila Meã. Mas esteve ligada à CASA do BUSTELO desde o seu nascimento, pois foi afilhada de Dona ANGÉLICA (1747-1792), filha do MANUEL TEIXEIRA MENDES aima mencionado. Sua madrinha era da mesma idade de sua mãe, Dona ANNA JOAQUINA de SOUZA e VASCONCELOS, e haviam de ser amigas. Minha trisavó Maria José do Carmo foi a primeira filha de Dona Madalena Emília e reza a tradição que ela teria nascido na CASA do BUSTELO. Esse fato infelizmente não pode ser comprovado, pois ela foi batizada na freguesia de Real, a que pertence a CASA da BOTICA. A mesma tradição diz que os nossos parentes de Vila Meã iam sempre a Carvalhosa e hospedavam-se na CASA do BUSTELO, e que ali se refugiaram na época de uma revolução que atingiu Amarante (não estou certa se teriam sido as invasões napoleônicas de 1807-1814 ou a Revolução Liberal de 1820).
CASA DE FUNDEVILA
Carvalhosa, Marco de Canaveses
Dona MADALENA EMÍLIA VASCONCELOS de MESQUITA nasceu em 1784 na CASA de FUNDEVILA, cujo proprietário era o seu avô o Capitão MANUEL de SOUZA e VASCONCELOS. Ele faleceu em 1799, quando a neta tinha 15 anos. Sua herdeira universal foi Dona ANNA JOAQUINA de SOUZA e VASCONCELOS (filha natural reconhecida), que era mãe de Dona Madalena Emília. A Casa de Fundevila pertenceu ao pai dessa senhora, ao seu avô - o Capitão ANTONIO de SOUZA e VASCONCELOS (1682-1765) - e a mais seis gerações da família antes dele, perfazendo mais de 300 anos!
Infelizmente, eu não consegui identificar a localização da CASA de FUNDEVILA através de nenhum documento, nem pessoalmente durante a minha breve visita a Carvalhosa: ninguém soube me dizer onde ficava o "lugar de Fundevila" citado nos antigos registros paroquiais, nem ninguém ouvira falar na "Casa de Fundevila". Cheguei à triste conclusão de que não sobreviveram vestígios dessa casa secular!
Adendo datado de 1º de dezembro de 2022:
"Este post foi editado para refletir uma informação recente, recebida de um amigo cuja família é proprietária em Carvalhosa e que me fez a gentileza de pesquisar o assunto do "lugar de Fundo de Vila" e da "Casa de Fundevila". Ele conseguiu uma informação preciosa, devidamente comprovada por pessoa que nasceu e sempre viveu em Carvalhosa: a antiga Casa de Fundevila realmente não existe mais, pois em seu lugar foi construído o "Solar de Carvalhosa". Trata-se de uma propriedade que fica junto à estrada municipal que atravessa a freguesia, do lado direito quem sobe, cerca de 1 km antes de chegar à igreja matriz de Carvalhosa. A casa está totalmente remodelada e diferente da anterior, que o meu amigo chegou a conhecer, pois pertenceu a pessoa de sua família. Há mais de duas décadas, a antiga casa e sua quinta anexa foram compradas por um senhor de apelido Sousa (salvo engano), que construiu sobre a antiga casa uma outra muito maior, à qual passou a chamar Solar de Carvalhosa, e ali criou a Sociedade Agrícola do Solar de Carvalhosa, com enoturismo, criação de cavalos e produção de vinho verde de marca. Os interessados poderão encontrar na internet imagens dessa nova casa, da quinta e dos cavalos, bem como a nova entrada que o novo proprietário concebeu, ladeando com palmeiras o muro novo de separação para a estrada."
A família da minha ancestral Dona MADALENA EMÍLIA VASCONCELOS de MESQUITA viveu na antiga CASA DE FUNDEVILA desde tempos imemoriais.
Segundo os registros paroquiais mais antigos da freguesia de Carvalhosa, a primeira moradora da CASA DE FUNDEVILA que podemos identificar é MARTA SOARES, ali falecida em 1578.
Seu filho GASPAR SOARES e seu neto GASPAR SOARES COELHO (1578-1631) também viveram nessa casa.
Seu bisneto ISIDORO SOARES COELHO ali faleceu em 1674, bem como seu trineto ROMÃO SOARES (1641-1729) e sua mulher LUZIA de SOUZA, ali falecida em 1718.
ROMÃO SOARES e LUZIA de SOUZA foram pais do acima mencionado Capitão ANTONIO de SOUZA e VASCONCELOS, bisavô de Dona Madalena Emília. Os Souza e Vasconcelos eram da Casa do Ribeiro, em Toutosa (ver post sobre essa casa).
A CASA DE FUNDEVILA abrigou 11 gerações da nossa família: 5 gerações de SOARES, 3 gerações de SOUZA e VASCONCELOS e 3 gerações de VASCONCELOS de MESQUITA (ou MESQUITA e VASCONCELOS).
Dona ANNA JOAQUINA de SOUZA e VASCONCELOS herdou a casa de seu pai em 1799, quando já estava casada com JOSÉ JOAQUIM de MESQUITA e já tinha seis filhos adultos. Ela fez doação da sua casa ao seu primeiro neto JOSÉ MARIA de MESQUITA e VASCONCELOS (1801-1872), que sempre viveu na casa onde nasceu, e ali teve sua filha JOSEFA JULIA (n. 1828) - que viria a se casar com o senhor da CASA do BUSTELO - e seu filho ANTONIO JOAQUIM (1831-1877), que foi padre.
Como já foi mencionado, Dona Madalena Emília era da CASA DE FUNDEVILA mas esteve sempre ligada à CASA do BUSTELO. Em 1843, os laços de família entre essas duas casas estreitaram-se com o casamento de sua sobrinha-neta JOSEFA JULIA DE MESQUITA E VASCONCELOS (citada acima) com JOSÉ TEIXEIRA da SILVEIRA (1828-1854), herdeiro da CASA do BUSTELO. Este senhor manteve o nome JOSÉ TEIXEIRA da SILVEIRA até a altura do casamento, mas já no batismo dos filhos aparece como JOSÉ TEIXEIRA VAZ CAMELLO. Adotou os apelidos de seu bisavô e padrinho JOSÉ VAZ CAMELLO e os fez representar na pedra d'armas da Casa do Bustelo. No assento de óbito, ele volta a ser José Teixeira da Silveira. O casamento durou apenas 11 anos, pois ele faleceu em 1854, deixando o herdeiro natural da CASA do BUSTELO, seu primogênito JOSÉ MARIA TEIXEIRA de MESQUITA, com apenas 10 anos de idade. Esse nosso parente foi senhor da CASA do BUSTELO e a casa pertenceu mais algum tempo à família Mesquita. JOSÉ MARIA TEIXEIRA de MESQUITA casou-se com Fortunata Amélia Soares de Freitas e tiveram pelo menos 6 filhos entre 1864 e 1883. A ligação desses senhores da CASA do BUSTELO com seus parentes da CASA da BOTICA de Vila Meã continuou através de apadrinhamentos: uma de suas filhas foi afllhada do Dr. Luiz Coelho de Queirós, irmão das minhas trisavós Maria José do Carmo de Queirós (Souza Soares) e Anna Victoria de Queirós (Teixeira Leite).
Uma curiosidade sobre as famílias da CASA do BUSTELO e da CASA de FUNDEVILA diz respeito ao avô paterno de Josefa Julia: ANTONIO JOAQUIM de MESQUITA e VASCONCELOS (1779-1862) e à mãe do seu marido José Teixeira da Silveira: MARIA do CARMO PINTO de MATOS (1805-1869). Antonio Joaquim e Maria do Carmo, sendo ambos viúvos e ele 25 anos mais velho que ela, casaram-se em 24-7-1850. ANTONIO JOAQUIM de MESQUITA e VASCONCELOS era o irmão mais velho de Dona Madalena Emília Vasconcelos de Mesquita. Seu filho JOSÉ MARIA de MESQUITA e VASCONCELOS (o pai de Josefa Julia) era Senhor da CASA de FUNDEVILA por herança da sua avó materna Ana Joaquina de Souza e Vasconcelos. MARIA do CARMO PINTO de MATOS era mãe de JOSÉ TEIXEIRA DA SILVEIRA (o marido de Josefa Julia), Senhor da CASA do BUSTELO por herança de seu pai. Apesar dessa circunstância que ligava os dois viúvos a essas duas casas senhoriais de Carvalhosa, os recém-casados estabeleceram-se por conta própria no lugar de Casa Nova e ali viveram o resto de suas vidas. O casamento dos dois viúvos veio legitimar sua filha MARIA AMÁLIA de MESQUITA e VASCONCELOS, nascida em 1843 na CASA do BUSTELO, onde a mãe vivia no estado de viúva. Anos mais tarde, esta moça veio a casar-se com FRANCISCO de MAGALHÃES e MENESES de LENCASTRE, da CASA da QUINTÃ em Constance, e os bisnetos desse casal foram os LENCASTRE de FREITAS, da CASA da BOTICA. Este é um belo exemplo de como o mundo dá voltas, pois a família da Casa da Botica tem raízes justamente nessas duas casas de Carvalhosa...
De CARVALHOSA à CASA DA BOTICA de VILA MEÃ
A Casa do Bustelo e a Casa de Fundevila de Carvalhosa estão ligadas à minha tetravó Dona MADALENA EMÍLIA VASCONCELOS de MESQUITA, que se casou em 1804 na Igreja de São Romão de Carvalhosa, em Marco de Canaveses, com o Dr. ANTONIO COELHO de MAGALHÃES QUEIRÓS, farmacêutico em Vila Meã, Real, Amarante, e foram viver na sua CASA da BOTICA, onde formaram uma imensa família. Foram ancestrais da família SOUZA SOARES (pela sua filha Maria José do Carmo) e da família TEIXEIRA LEITE (pela sua filha Anna Victoria), entre outras.

Igreja de São Romão de Carvalhosa, Marco de Canaveses
A realização do casamento do Dr. ANTONIO COELHO de MAGALHÃES QUEIRÓS na freguesia da sua noiva rompeu uma tradição de família. Seus ancestrais pertenciam às famílias mais antigas de Vila Meã e desde o século XVII sempre realizaram seus casamentos na Igreja do Salvador de Real, freguesia a que pertence Vila Meã. Esta antiga igreja foi recentemente restaurada e incluída na Rota do Românico, com o nome de Igreja Velha de Real. Foi palco dos casamentos dos trisavós do Dr. Antonio em 1662, dos seus bisavós em 1702, dos seus avós em 1727 e dos seus pais em 1762, e nela estão sepultados muitos membros dessa família desde tempos imemoriais.

Igreja Velha de Real - Vila Meã, Amarante
ESCLARECIMENTO:
A família MAGALHÃES QUEIRÓS da Casa da Botica é a mesma família do escritor EÇA de QUEIRÓS! O meu tetravô Dr. ANTONIO COELHO de MAGALHÃES QUEIRÓS era filho de Dona JACINTA IGNÁCIA TEIXEIRA de QUEIRÓS, cujo irmão MARCELINO PRÓSPERO TEIXEIRA de QUEIRÓS foi bisavô do escritor EÇA de QUEIRÓS. A família da Casa da Botica guardava correspondências assinadas pelo senhor Marcelino Queirós, dirigidas ao seu sobrinho Dr. Antonio.
NOTA:
Na data em que este post foi escrito, a CASA do BUSTELO estava à venda por 1 milhão e 200 mil euros (1 milhão e meio de dólares) com as seguintes especificações: Casa brasonada, cuja edificação inicial remonta ao século XVII, implantada num terreno com aproximadamente 1.876 m2 de área total. Casa principal com hall, 2 salas de estar, 2 saletas, 1 sala de jantar, 5 quartos, 2 quartos de banho completos, cozinha e varanda; Adega com 3 lagares grandes em granito, diversas cubas e pipas, arrumos e lojas; Capela particular; Garagem; Casa do caseiro; Casa na entrada da quinta; Eira com celeiro e espigueiro; Logradouro empedrado em lajes de granito, com jardins e árvores diversas. O imóvel possui 105.120 m2 de área total, dos quais cerca de 50.000 m2 estão cultivados com vinhas. Sem dúvida uma bela casa!
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Carmen Souza Soares Reis
Julho 2021

























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