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MULHER DE CAPOTE - de traje feminino a marca de licor

  • Writer: Carmen Souza Soares Reis
    Carmen Souza Soares Reis
  • Jul 23, 2022
  • 2 min read

Updated: Oct 11, 2024

Durante muito tempo, o “Capote e Capelo” foi o traje tradicional das mulheres açorianas e tornou-se parte da identidade social e cultural dos Açores. Aos poucos caiu em desuso e transformou-se em pitoresca curiosidade histórica. Hoje, é marca de referência dos licores açorianos.


O conjunto de “Capote e Capelo” usado pelas mulheres açorianas consistia num longo abrigo em forma de capa, que permitia apenas um vislumbre do seu rosto. A origem desse traje é controversa: alguns dizem que veio de Flandres, outros afirmam que é uma adaptação dos mantos e capuchos que estavam na moda em Portugal nos séculos XVII e XVIII.



A configuração do “Capote e Capelo” variava de ilha para ilha, fosse no corte da capa ou no arranjo do capote. A caraterística comum era ser uma capa rodada, feita de tecido inglês grosso e resistente, de cor azul escuro, com uma cobertura de cabeça forrada de cânhamo, suportada por um arco de metal ou de osso de baleia, que assegurava a sua forma e consistência.


Os capotes faziam parte dos dotes das noivas e passavam de mães para filhas. Eram deixados em testamento e serviam para diversas gerações da mesma família. As mulheres açorianas ainda usavam este traje nas primeiras duas décadas do século XX, portanto, as açorianas que emigraram para o sul do Brasil em meados do século XVIII certamente usaram essa indumentária.



Minha ancestral ISABEL DA SILVEIRA (1696-1754) nasceu na ilha do Faial e com certeza foi uma MULHER DE CAPOTE. Ela chegou ao sul do Brasil por volta de 1750 com seu marido Antonio Furtado de Mendonça e uma família de oito filhos. Suas cinco filhas com certeza também usaram os tradicionais capotes açorianos.


Duas delas deixaram vasta geração na cidade de Pelotas: MARIA ANTONIA DA SILVEIRA (1728-1767) e seu marido Matheus Ignácio da Silveira foram ancestrais das famílias Simões Lopes e Assumpção; MARIANA EUFRÁSIA DA SILVEIRA (1732-1822) e seu marido Francisco Pires Casado e foram ancestrais das famílias Pires de Pelotas (pelo filho Ignácio Antonio Pires) e de Porto Alegre (pelo filho Manuel Marcelino Pires). Suas filhas foram ancestrais de várias famílias pelotenses: Paiva, Silveira, Aquino e Gomes Viana.


Eu tive a sorte e o privilégio de estabelecer contato com parentes açorianos descendentes da família de Isabel da Silveira e tenho com eles uma amizade duradoura. Viajei diversas vezes ao Faial, ouvi histórias dos costumes do passado e participei de festividades que ainda guardam as tradições flamengas herdadas dos primeiros colonizadores.


A Mulher de Capote é hoje apenas a marca de um excelente licor, que pode ser de abacaxi ou maracujá. Foi o primeiro presente que recebi quando cheguei ao Faial pela primeira vez e fui recepcionada pelos meus primos.

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